Após um período de greve, que consumiu mais de um mês, agentes do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) retomam as atividades investigando carvoarias e madeireiras ilegais que atuam nos municípios de Marabá, Nova Ipixuna, Itupiranga e Dom Eliseu. Em fevereiro desse ano, com apoio do Batalhão de Polícia Ambiental (BPA) da Polícia Militar do Pará, o Ibama detectou uma das maiores fraudes já registrada no Estado, em uma carvoaria localizada na localidade de Murumuru, situada a 22 quilômetros de Marabá.
A empresa de fachada havia incluído no Sistema de Comercialização e Transporte de Produtos Florestais (Sisflora) um saldo de 1,3 mil toneladas de madeira para produção de carvão. Durante a visita da operação Corsel Negro na empresa, os agentes encontraram apenas uma quantidade de madeira inferior a 200 quilos. "É um local onde se produz pouco carvão. A fraude está evidente", disse, à época, um dos agentes da operação.
Desde o início dos trabalhos, a operação apreendeu quatro caminhões com cerca de 240 metros de carvão vegetal na regiões de Paragominas e Marabá, onde as empresas foram multadas em mais de R$ 300 mil por transportar produto inflamável sem licença ambiental e em desacordo com a Guia Florestal que acompanhava a mercadoria.
Com relação ao Sisflora, os agentes confirmaram fraudes em pelo menos 14 empresas da região, que juntas conseguiram inserir no sistema mais de meio milhão de metros de carvão em créditos falsificados.
Os créditos falsos seriam usados pelas empresas fantasmas para "esquentar" o carvão produzido de madeira extraída ilegalmente no Pará. Além de 150 fiscais do Ibama, participaram da operação, em Marabá, o coordenador da Corsel Negro, Paulo Maués, e o chefe da Divisão de Fiscalização do Ibama no Pará, Alex Lacerda, que acrescentou que "a produção de carvão ilegal é um dos grandes vetores do desmatamento. Não só da floresta amazônica, mas de outros biomas ameaçados, como o cerrado e a caatinga. Ao combater a cadeia do carvão criminoso, diminuímos a destruição do que resta das nossas matas nativas", explicou Lacerda.
Os agentes ressaltam que a operação é uma das maiores ofensivas contra a exploração de carvão ilegal já deflagrada até então e está ocorrendo simultaneamente em dez estados. Segundo Lacerda, "a operação já conseguiu evitar a destruição de 5 mil hectares de floresta nativa da Amazônia’. Todo o montante de carvão ilegal apreendido deverá ser repassado à Eletronorte, que, após toda a tramitação do processo de doação, deverá transformar tudo em energia para famílias de baixa renda.
Recentemente, fiscais do Ibama também fizeram a apreensão, no município de Nova Ipixuna, de 51 toras de castanheira. De acordo com os agentes, o material corresponde a 12 caminhões carregados de madeira, sendo que as toras foram localizadas em um depósito clandestino situado dentro do município. Apesar do nome do proprietário da carga não ter sido identificado, os fiscais do Ibama adiantaram que o mesmo será penalizado com uma multa de R$ 90 mil. Toda a madeira apreendida ficará armazenada em um depósito da prefeitura e deverá ser canalizada para projetos sociais no município.
De acordo com as informações do Ibama, para a obtenção das toras de castanheira, consideradas de excelente qualidade, os devastadores destruíram uma área de mais de 76 hectares de floresta, correspondente a cerca de 76 campos de futebol. Ainda em Nova Ipixuna, os fiscais apreenderam, em uma serraria, 23 metros cúbicos de madeira já serrada e pronta para comercialização.
Fonte: http://www.oliberal.com.br/ - Evandro Correa
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