segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Hoje é dia de Américo Leal


Jogada de “marketing”
Até a quarta-feira (01/12), eu ainda não havia entendido a decisão de Jader Barbalho de renunciar ao mandato de deputado federal. Naquela noite, dormi preocupado, e – confesso, não foi um sono tranqüilo. Cheguei – inclusive, a ter pesadelos, mas – bravamente, consegui atravessar as tormentosas brumas da noite, e – eis, que um novo dia surgiu. Já na quinta-feira (02/12) de manhã – como dizem os mais novos, e muito antes de ler os noticiários, a ficha me caiu.
Foi assim – de repente. A lembrança me veio em turbilhão, e – então, pude “ver” as imagens, passando, nitidamente, em minha frente. Não, não se tratava de transe. Naquele momento, eu me sentia em perfeito domínio de minha consciência e de minhas faculdades mentais. Mas, que “vi”? Pasmem, senhoras e senhores. “Vi” a poderosa campanha publicitária deflagrada pelo “mago” (esses dias, a jornalista Ana Célia o chamou de “morubixaba”), na “mídia” paraense.

Foram milhares de placas gigantes espalhadas por todo o Estado, nas quais se podia ver a sorridente fotografia daquele, que – até hoje, diz-se castigado injustamente pela Lei da Ficha Limpa, imprensada pelo seguinte clamor: “O povo do Pará merece respeito. Jader, Senador eleito. 1 milhão e 800 mil votos”, assinado pelo PMDB.

 “Vi” também as extensas matérias escritas por jornalistas de dentro ou de fora dos veículos de comunicação do ex-governador paraense; “vi” e “ouvi” (não se esqueçam de que ele também possui emissoras de rádio e de televisão) as entrevistas quilométricas concedidas por ele e publicadas quase diariamente por seus domínios de impressos, de áudio e de vídeo; pude “ler” – não na íntegra, é claro, mas, alguns trechos, apenas, de dezenas de artigos produzidos por juristas e analistas políticos, desancando todo tipo de justiça, e – só para não perder a viagem, seus colegiados mais eminentes.

Enfim... E, para decisão tão importante, nada mais conveniente do que uma boa armação circense: a renúncia, em sinal de protesto pela derrota no “tapetão”, soaria como um lamento, deslocando, assim, da posição de réu para a de vítima, aquele que almeja uma nova eleição, no Pará, ao Senado, e – consequentemente, colocando o ex-deputado federal, no centro das atenções (mais do que ele já estava, certamente), e – dando por encerrada sua demanda no Supremo Tribunal Federal (STF), e já antevendo a possibilidade de vir a ser outra vez candidato, por conta dessa nova eleição, em 2011, acabou deflagrando – ainda que de maneira antecipada, o início da propaganda eleitoral.
Para todos efeitos, Jader Barbalho, desde 30 de novembro, é candidato a senador – e já em plena campanha, uma vez que, em 31 de dezembro desse ano, expira sua inelegibilidade. A partir de agora, todo cuidado é pouco, pois o “bruxo” não sossegará, enquanto não conseguir esfregar na cara de muita gente – não a Constituição, que Sábatto Rossetti diz ter sido rasgada pelo STF, mas a Lei da Ficha Limpa, ao se eleger – de verdade, senador da República.
Agora, Jader não deseja mais respeito. Quer comiseração do eleitor paraense. Trata-se de um jogo – e bastante arriscado, por sinal, tanto para ele e seus asseclas quanto para seus adversários políticos.
A História dirá quem tinha – e quem terá razão.

Américo Leal – escritor e jornalista (MTE nº 2.003/Pa)
E-mail: americao2003_1958@hotmail.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário

FALHA (o navegador deveria exibir algum conteudo em Flash, e naum isto).

MANDE FAZER SEUS IMPRESSOS CONOSCO