As mulheres paraenses precisam estar atentas à saúde e aos seus direitos. Câncer do colo do útero é principal causa de óbito entre as pessoas do sexo feminino no Estado em idade fértil (10 a 49 anos). Em seguida vem morte sem assistência médica. A terceira maior causa de morte entre as mulheres paraenses nessa faixa etária é agressão por arma de fogo. Em quarto lugar está "causas mal definidas" e, em seguida, câncer de mama. Os dados são do Sistema de Informação de Mortalidade, que recebe os números de cada município para obter um balanço geral.
Jane Neves, diretora do Departamento de Atenção à Saúde da Secretaria de Estado de Saúde (Sespa) preferiu não detalhar os números, uma vez que os dados do ano passado ainda não foram fechados. Mas, o Instituto Nacional do Câncer (Inca) estava prevendo 790 casos de câncer do colo do útero no Estado, em 2010. No ano de 2007, segundo Jane, 585 mulheres do Pará morreram vítimas dessa doença. Ela alerta sobre os cuidados que as mulheres precisam ter para não fazer parte das estatísticas.
O banco de dados do Sistema Único de Saúde (DATASUS) revela ainda as cinco principais causas de morbidade hospitalar entre as mulheres paraenses: doenças do aparelho geniturinário; doenças infecciosas ou parasitárias; doenças no aparelho digestivo; doenças no aparelho respiratório; e doenças relacionadas a gravidez, parto ou puerpério (fase pós-parto). Para Jane, as mulheres precisam conhecer melhor o seu corpo. Dessa forma, as enfermidades podem ser descobertas logo no início, o que facilitaria o tratamento. "É bom que as mulheres aprendam isso porque há uma dificuldade cultural, por exemplo, de não tocar a sua própria vagina, sentir o cheiro. O cheiro é característico. Quando muda o cheiro, aí você tem que ver que alguma coisa não vai bem. É uma coisa tão básica", destaca.
A enfermeira Michele Monteiro, da Coordenação de Saúde da Mulher da Sespa, enfatiza que é fácil prevenir o câncer do colo do útero. "É um exame simples (o preventivo) que pode ser feito em qualquer unidade básica de saúde ou qualquer estratégia saúde da família. Qualquer mulher que teve relação sexual, obrigatoriamente, deve fazer o preventivo. Independente da idade", observa.
O câncer de mama também preocupa e as mulheres podem se prevenir com medidas simples. Michele Monteiro lembra que as mulheres devem fazer o auto-exame pelo menos uma vez ao mês, de preferência no oitavo dia após a menstruação, para evitar o inchaço das mamas. Além disso, é importante, ainda, visitar um médico ao menos uma vez por ano.
Violência - Mas o que chama a atenção nos dados do Sistema de Informação de Mortalidade é que agressão por arma de fogo representa a terceira maior causa de morte entre pessoas do sexo feminino no Estado. "Isso mostra que temos uma grande questão a resolver, que é a violência contra a mulher", frisa Mary Alves, especialista no atendimento a vítimas de violência doméstica e sexual da Sespa. Por conta dos números preocupantes, a Secretaria lançou, na semana passada, uma campanha para utilização da ficha de notificação compulsória de violência contra a mulher. Ou seja, qualquer caso que envolva esse tipo de situação será registrado pelo hospital ou unidade de saúde onde a pessoa recebeu atendimento. Mary explica que, assim, será possível ter dados mais concretos sobre no balanço elaborado pelo Estado. "Tem também o impedimento que ela tem por parte do companheiro, que representa uma violência. Muitas mulheres não fazem o preventivo por causa da proibição. É uma cultura machista mesmo", concluiu.
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