Opinião



Texto de Jorginho Quadros



Ciclista merece respeito?

 

Há alguns anos, a política voltada para o trânsito em nosso município era vista como exemplar pelo respeito que cada cidadão, seja ele pedestre ou motorista exerciam mutuamente. Essa postura louvável da população começou a partir do momento em que foi criado o Departamento de Trânsito Municipal, cuja pedagogia era mais educativa e menos punitiva. Várias medidas foram tomadas para que motoristas e pedestres conhecessem seus direitos e deveres e o trânsito fluísse harmoniosamente.

No entanto, nunca observei nenhuma ação daquele Departamento que estivesse voltado para as necessidades do ciclista. Sabemos que a nossa população é constituída em sua maioria por famílias cuja renda não ultrapassa os dois salários mínimos e que a bicicleta ainda é o principal veículo. Mas, andar de “camelo” em Paragominas ainda é um Deus-nos-acuda!!

Para exemplicar o que estou dizendo é muito fácil, basta observar o trânsito em torno do nosso principal Cartão-Postal, a Praça Célio Miranda. Segundo a Legislação, a calçada é lugar de pedestre, já a via pública, dos veículos automotores. O que sobra para os ciclistas, portanto, é o meio-fio... no nosso caso, a sarjeta! Na verdade, nem isso, visto que, hoje em dia, o meio-fio está servindo de estacionamento para carros e motocicletas, naquela região. Os ciclistas, por sua vez, estão obrigados a se arriscarem entre o trânsito e os veículos estacionados, o que é perigosíssimo, uma vez que esses veículos uma hora vão ter de sair, podendo provocar um acidente, o que pode acontecer mesmo ao abrir uma porta no momento em que um ciclista esteja passando.

Obviamente, o ciclista também tem obrigações – primeiro, com sua vida, e depois com a dos demais – e, deve conhecer o artigo do CTB “Deveres do Ciclista”, em que reza que o ciclista deve “Ter cuidado ao passar por carros estacionados: as portas podem se abrir e causar acidentes”. Mas isso também é complicado, pois antes, um outro artigo que reza ser Direito do Ciclista “Trafegar em vias seguras e sinalizadas, com infra-estrutura adequada”, precisaria ser observado pelo órgão competente. Na praça mencionada, há duas faixas, uma azul e outra vermelha, mas nenhuma está destinada aos ciclistas. Até outro dia havia uma pessoa designada para orientar os ciclistas a descerem de suas bicicletas ao transitarem, ali. Louvável a iniciativa do Executivo, porém, ao menos uma daquelas faixas poderia estar destinada aos ciclistas para que pudessem atravessar a praça. É só uma sugestão. Mas, como todo cidadão, ciclista merece respeito e lugar de destaque na legislação, visto que são os mais vulneráveis no trânsito de uma cidade.

E aproveitando a temática. ATENÇÃO CICLISTAS: É obrigação parar na faixa para passagem de pedestre. Para cobrar direitos temos observar deveres.