EDIVALDO MENDES
Correspondente em Castanhal
Local de inúmeros conflitos envolvendo madeireiros e posseiros, também conhecida por ser uma área onde é comum o plantio de maconha, a reserva indígena dos índios tembés, no trecho que fica na divisa do Pará com o Maranhão, agora é lugar de disputa e acerto de contas entre traficantes. Numa dessas disputas, pelo menos dois deles foram mortos a bala e enterrados na própria reserva, no trecho que fica entre o Pará e o Maranhão, tendo como divisa o rio Gurupi. A informação foi fornecida ontem pelo delegado Marcos Alberto Pereira dos Santos, que atualmente responde pelas delegacias de Santa Luzia do Pará e Cachoeira do Piriá.
Segundo ele, um menor de idade apreendido durante incursão promovida pelo delegado e sua equipe na região de Cachoeira, com o objetivo de localizar uma plantação de maconha, contou como ocorreu a morte dos traficantes conhecidos por "Come Gato" e "Cantor", e indicou o lugar onde ambos foram enterrados, em cova rasa, próximo à vila União. O rapaz de 17 anos disse também quem autorizou a execução dos dois homens: a traficante Luciene Vieira da Silva, a "Lúcia", de 39 anos. A mulher foi presa na tarde da última quinta-feira, com cerca de 150 quilos de maconha prontos para serem comercializados.
O delegado Marcos dos Santos recebeu uma denúncia dando conta de que numa das vilas dentro da reserva tembé, a Combate, existia uma plantação de maconha já em fase de colheita. A denúncia acabou não sendo confirmada. Mas lá ele ficou sabendo que na vila Guajará estava sendo velado, numa capela do lugar, o corpo de um homem que tinha sido assassinado noutra vila, a União. E que na área havia muitos traficantes e drogas. Depois de confirmar que o morto, Josael Costa, tinha sido assassinado a tiros, os policiais seguiram para a vila União. Logo na chegada, eles viram um homem correndo para dentro da mata, portando uma escopeta. Era o menor de idade, que foi perseguido e apreendido.
Ele contou que iria ajudar os policiais e foi logo dizendo que trabalhava para "Lúcia", que estava escondida numa casa próxima. O adolescente disse também onde estavam armazenados mais de 150 quilos de maconha já prontos para a venda. O delegado Marcos e sua equipe foram primeiro apreender a droga. Logo depois prenderam "Lúcia". A mulher, que estava escondida na casa, ainda tentou argumentar, dizendo que a droga não era sua. Indagado pelo delegado, o menor de idade disse que dois homens, que ele conhece por "Carlos" e "Parente", foram contratados por "Lúcia" para matar um líder comunitário da vila União, conhecido por "Bitinho", que denunciava o plantio e o tráfico de maconha. Mas os dois acabaram matando Josael por engano.
Em relação aos outros dois homens mortos e enterrados dentro da reserva, a testemunha contou que "quem matou ‘Come Gato’ foi o ‘Empapuçado’, e quem matou o ‘Cantor’ foi o ‘Marcelino’". O primeiro teria sido morto há quase um ano, e o segundo há cerca de quatro meses. O delegado disse que vai solicitar que peritos do Instituto de Perícias Científicas de Castanhal façam a exumação dos cadáveres sepultados na reserva tembé para análise.
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